quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Quando se rompeu o fio

Quando se rompeu o fio, uma voz fantasmagóricamente repetiu:

"Não foi possível completar sua chamada. Por favor, tente mais tarde".

"Não foi possível completar sua chamada. Por favor, tente mais tarde".

"Não foi possível completar sua chamada. Por favor, tente mais tarde".

Três vezes. Três, número mágico. Três punhaladas no peito, impiedosas, frias, mortíferas. De repente, a voz arrastada e melancólica dele havia sido trocada pela voz sólida e arrepiante da gravação. Onde estava seu amigo? Para onde haviam sido enviadas suas mensagens? O que havia acontecido para o fio se romper?
Sim, tudo havia sido falado. Mas não era justo que viesse interromper o último momento de agonia dos dois a frieza de uma operadora telefônica. Não era justo que o muito que haviam conversado terminasse sem um adeus. Não era possível que não pudessem nem ao menos dizer: "Até logo. Cuide-se. Estou com saudades. Apareça.". Não. Tudo o que se escutou no fone foi:
"Não foi possível completar sua chamada. Por favor, tente mais tarde".
Seco. Frio. Repugnante.
O silêncio instaurou-se em sua mudez nua e clara. Foi aí que a distância se fez sólida. Tão mais sólida que a voz fria e fantasmagórica da gravação da operadora. Tão somente quando o fio se rompeu.


Um comentário:

Thaís disse...

Legal esse aí ein!!! Bah!!! Deixei coment no outro blog.. U_U