quinta-feira, 18 de março de 2010

Fugere urben

Foje à minha visão o espírito da cidade. O gato branco passeia sob minha mesa. Morte e vida portoalegrenses baixam sobre minha cabeça, e o frio do inverno sussurra em meus ouvidos. Carcaças desfilam pela Praça XV, enquanto o sol desaba vagarosamente pelo firmamento. É a tarde cosmopolita, a metrópole cega-surda-muda, insône e febril sobre seu leito frio à beira do rio. É o delírio desperto de uma urbe sitiada. É o fim do espasmo antes do coma. É a altivez do concreto e a baixeza do sutil. É a prevalência da carne. É o maldizer daqueles que não têm e dos que têm e não dão. É o aluguel do recém-nascido. É o lamento das antenas. São pernas, seios e quadris sem corpo. É a nudez velada dos crimes e pecados do povo. É, por fim, aquilo que passa pelos olhos num lampejo...

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